Ao longo das semanas postaremos em linha cronológica a evolução do pensamento econômico, passando a conhecer mais claramente as ideias dos principais economistas da história.
O pensamento econômico passou por diversas fases, que se diferenciam amplamente, com muitas discrepâncias e oposições. No entanto, a evolução deste pensamento pode ser dividida em dois grandes períodos: Fase Pré- Científica e Fase Científica Econômica.
A fase pré-científica é composta por três subperíodos. A Antigüidade Grega, que se caracteriza por um forte desenvolvimento nos estudos político- filosóficos. A Idade Média ou Pensamento Escolástico, repleta de doutrinas teológico- filosóficas e tentativas de moralização das atividades econômicas. E, o Mercantilismo, onde houve uma expansão dos mercados consumidores e, consequentemente, do comércio. Como iremos tratar de um pensamento econômico que nos influencia até hoje só trataremos da fase científica.
A fase científica pode ser dividida em Fisiocracia, Escola Clássica e Pensamento Marxista. Esta primeira pregava a existência de uma "ordem natural", onde o Estado não deveria intervir (laissez-faire, laissez-passer) nas relações econômicas. Os doutrinadores clássicos acreditavam que o Estado deveria intervir para equilibrar o mercado (oferta e demanda), através do ajuste de preços ("mão- invisível"). Já o marxismo criticava a "ordem natural" e a "harmonia de interesses" (defendida pelos clássicos), afirmando que tanto um como outro resultava na concentração de renda e na exploração do trabalho.
Apesar de fazer parte da fase científica, convém ressaltar que a Escola Neoclássica e o Keynesianismo, diferenciam-se dos outros períodos por elaborar princípios teóricos fundamentais e revolucionar o pensamento econômico, merecendo, portanto, destaque. É na Escola Neoclássica que o pensamento liberal se consolida e surge a teoria subjetiva do valor. Na Teoria Keynesiana, procura-se explicar as flutuações de mercado e o desemprego (suas causas, sua cura e seu funcionamento).
1. Fisiocracia (Séc. XVIII)
Doutrina de ordem natural: O Universo é regido por leis naturais, absolutas e imutáveis e universais , desejadas pela Providência divina para a felicidade dos homens.
A palavra fisiocracia significa governo da natureza. Isto é, de acordo com o pensamento fisiocrata as atividades econômicas não deveriam ser reguladas de modo excessivo e nem guiadas por forças "antinaturais". Deveria- se conceder uma maior liberdade a essas atividades, afinal "uma ordem imposta pela natureza e regida pelas leis naturais" governaria o mercado e tudo se acomodaria como tivesse que ser.
Na fisiocracia a base econômica é a produção agrícola, ou seja, um liberalismo agrário, onde a sociedade estava dividida em três classes:
♦ a classe produtiva, formada pelos agricultores.
♦ a classe estéril, que engloba todos os que trabalham fora da agricultura (indústria, comércio e profissões liberais);
♦ a classe dos proprietários de terra, que estava ao soberano e aos recebedores de dízimos (clero).
A classe produtiva garante a produção de meios de subsistência e matérias primas. Com o dinheiro obtido, ela paga o arrendamento da terra aos proprietários rurais, impostos ao Estado e os dízimos; e compra produtos da classe estéril - os industriais. No final, esse dinheiro volta à classe produtiva, pois as outras classes têm necessidade de comprar meios de subsistência - matérias primas. Dessa maneira, ao final, o dinheiro retorna ao seu ponto de partida, e o produto se dividiu entre todas as classes, de modo que assegurou o consumo de todos.
Para os fisiocratas, a classe dos lavradores era a classe produtiva, porque o trabalho agrícola era o único que produzia um excedente, isto é, produzia além das suas necessidades. Este excedente era comercializado, o que garantia uma renda para toda a sociedade. A indústria não garantia uma renda para a sociedade, visto que o valor produzido por ela era gasto pelos operários e industriais, não criando, portanto, um excedente e, conseqüentemente, não criando uma renda para a sociedade.
O papel do Estado se limitava a ser o guardião da propriedade e garantidor de liberdade econômica, não deveria intervir no mercado ("laissez-faire, laissez-passer" que quer dizer deixe-se fazer, deixe-se passar.), pois existia uma "ordem natural" que regia as atividades econômicas.
François Quesnay
O fundador da escola fisiocrata, e da primeira fase científica da economia, foi François Quesnay (1694-1774), autor de livros que até hoje são inspiração para economistas atuais, como por exemplo Tableau Économique. Não se pode falar em fisiocracia, sem citar seu nome. Quesnay foi autor de alguns princípios, como o da filosofia social utilitarista, em que deveria se obter a máxima satisfação com um mínimo de esforço; o do harmonismo, não obstante a existência do antagonismo das classes sociais, acreditava-se na compatibilidade ou complementaridade dos interesses pessoais numa sociedade competitiva; e, por fim, a teoria do capital, onde os empresários só poderiam começar o seu empreendimento com um certo capital já acumulado, com os devidos equipamentos.
Em seu livro Tableau Économique foi representado um esquema de fluxo de bens e despesas entre as diferentes classes sociais. Além de evidenciar a interdependência entre as atividades econômicas e mostrou como a agricultura fornece um "produto líquido" que é repartido na sociedade.
Com o advento da fisiocracia surgiram duas grandes idéias de alta relevância para o desenvolvimento do pensamento econômico. A primeira diz que há uma ordem natural que rege todas as atividades econômicas, sendo inútil criar leis à organização econômica. A segunda se refere a maior importância da agricultura sobre o comércio e a indústria, ou seja, a terra é a fonte de todas as riquezas que mais tarde farão parte destes dois campos econômicos.
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